terça-feira, 17 de abril de 2007

RETRATOS DE UMA ATIVIDADE


(os nomes reais foram ocultados para manter a integridade dos profissionais)

CENA 01: Porta da Igreja Nossa Senhora do Brasil, missa. Gravação na rua.
Diretor fala para o produtor:
“Por favor, entre na igreja e peça pra eles fazerem silêncio. Assim não dá pra gravar.”
...

CENA 02: Casa de periferia em SP.
Diretor fala para toda equipe:
“Corta! Vocês têm que fazer os cachorros pararem de latir”.

Op. de áudio retruca:
“Pelos poderes de Greiscom! Eu tenho a fooorça!”

Risos
...

CENA 03: Estúdio, noite, gravação de um curta-metragem.
Diretor pergunta:
“Cadê a canoa?”

Produtor de objeto:
“Que canoa? Ninguém me avisou que tinha canoa na cena! São oito horas, quarta-feira,SP, onde eu vou arrumar uma canoa? Serve bote?”

Diretor:
“Não”

(Esse, teve uma crise de síndrome de pânico...)
...

CENA 04: Reunião de filmagem, documentário de pouca verba.
Diretor:
“... mas neste momento eu quero fechar a Ipiranga com a São João pra filmar com calma.”
...

Poucos exemplos ilustram bem a situação, ora ridícula, ora engraçada. Sempre urgente, prioritária. Até aí nenhuma novidade, essa é a lei do mercado de trabalho. Mas existe uma singularidade que faz com que esta atividade transite entre o cômico e o trágico como nenhuma outra. Acabo de descobrir que o limiar é muuuito sutil, mas resolvi me posicionar. Optei pelo cômico. Afinal, nem tudo deve ser levado tããão a sério.

Ilustração: www.pifva.org

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